O que é Mindfulness?

Nos últimos anos, a saúde mental é um dos temas mais abordados, nas suas mais diversas ramificações. Isso porque, mais do que nunca, a medicina e a ciência descobrem novos fatos sobre o funcionamento e o comportamento da mente, e como ela afeta o nosso dia a dia. Por outro lado, também vivemos em um contexto de hiperinformação, rapidez e constante mudança, no qual estamos sempre conectados. E isso tem grande impacto na saúde mental.

Nesse contexto, a prática do mindfulness, ou atenção plena, ganhou destaque como uma ferramenta para ajudar a nossa mente quando precisamos de foco e calma. Por definição, o mindfulness é estar presente sem julgamento, plenamente conscientes do que estamos fazendo e falando. Mas, o que poucas pessoas sabem é que, na verdade, o estado de atenção plena é uma habilidade básica do ser humano, que é estar no presente momento1,2.

A prática tem origem nas tradições de meditação budistas, mas foi introduzida na parte ocidental do mundo nos anos 1970 pelo Dr. Jon Kabat-Zinn, através do programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness (MBSR), criado por ele na Universidade de Massachusetts.

Dr. Jon começou a usar a prática da atenção plena em si mesmo, para ajudar com uma dor crônica. Anos depois, em 1985, ele conduziu um experimento com 90 pessoas que apresentavam dores crônicas. Esses pacientes participaram de um experimento de 8 semanas do MBSR. A pesquisa revelou que a prática não só ajudava com a redução das dores crônicas, como também melhorava o humor e afetava positivamente a qualidade de vida3.

A fisiologia do Mindfulness

Quando praticamos o mindfulness, ele tem efeito direto no funcionamento de áreas do cérebro:

  • Córtex Pré-Frontal: envolvido na regulação emocional e no controle da atenção;
  • Ínsula: responsável pela percepção interoceptiva;
  • Amígdala: região associada à resposta ao estresse, medo e ansiedade;

Além disso, na atenção plena, o cérebro libera mais neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar, prazer e por acalmar o cérebro. São eles dopamina, GABA, serotonina e endorfina. Na contramão, a produção de cortisol, associado ao estresse, é reduzido, assim nos sentimos melhor, a qualidade do sono melhora3

A atenção plena ajuda ainda na redução da ruminação causada pela ativação da Rede de Modo Padrão. Essa região é ativada quando não estamos focados, e promove a divagação mental, quando nossos pensamentos voam soltos. Essa ruminação pode levar a transtornos como ansiedade e depressão.

Mindfulness como terapia auxiliar

Tanto a medicina quando a psicologia usam o mindfulness como uma terapia auxiliar para:

  • Transtornos mentais como ansiedade e depressão;
  • Combate à dependência em substâncias químicas e álcool;
  • Dores crônicas;
  • Doenças inflamatórias;
  • Sobrepeso e obesidade;
  • Esgotamento (burnout)2.

Existem diferentes técnicas que podem ajudar a ativar o estado de mindfulness, desde inserir breves pausas ao longo do dia, praticar a meditação, e ainda combinar a meditação com atividades físicas, como o ioga1.

Benefícios comprovados

Os benefícios da prática da atenção plena são vários, desde a redução do estresse, melhora da memória de trabalho e da regulação emocional, aumento do foco, da empatia e da compaixão4

Além do estudo realizado pelo Dr. Jon Kabat-Zinn, outros pesquisadores e cientistas conduziram diferentes testes usando o mindfulness. A professora da Universidade de Harvard, Sara Lazar, detectou através de exames de imagem que o mindfulness induz a neuroplasticidade, e gera o aumento da massa cinzenta em determinadas regiões do cérebro. A análise foi conduzida com um grupo de pacientes que usou a meditação por oito semanas.  Vale destacar que essas regiões são responsáveis pela memória, aprendizado, regulação emocional, entre outras3,5

Já no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, cientistas analisaram um grupo de 39 pessoas, e descobriram que aqueles que meditam com frequência há três anos apresentam um cérebro mais eficiente para tarefas que envolvem a atenção. E também que eles possuem mais massa cinzenta nas áreas do córtex que atuam no raciocínio e atenção6.

Você também pode e deve praticar a atenção plena

Nosso dia a dia é corrido, e estamos sempre tão focados em cumprir nossas tarefas, que muitas vezes acabamos vivendo no piloto automático. E, provavelmente, quem leva um grande golpe é a saúde mental. 

Mas, e se você parar por alguns minutos para fazer uma respiração consciente? Poucos minutos podem fazer toda diferença quando seu cérebro está sobrecarregado, e o foco e a atenção começam a falhar. Ao fechar os olhos e focar na sua respiração e observar como se sente, você acalma seu cérebro. Parece bom né?!

O Mindfulness tem bases fortes em diversos estudos, e com resultados comprovados. A prática promove o equilíbrio entre mente, corpo e emoções, para assim melhorar a saúde mental e a qualidade de vida. Quanto mais você se conecta com você mesmo, melhor você vive.

Começar não é difícil, mas se você quiser saber mais, indicamos a leitura do livro do Dr Jon Kabat-Zinn, “Aonde quer que você vá, é você que está lá”. Nele, você vai encontrar mais sobre o conceito da atenção plena, bem como dicas e exercícios para buscar uma vida mais calma. 

Outra leitura para quem quer conhecer mais é o livro do neurocientista Richard J. Davidson, “O Estilo Emocional do Cérebro”, onde ele aborda como a meditação pode alterar padrões de atividades cerebrais, além de fortalecer a empatia, a compaixão, o otimismo e a sensação de bem-estar.

1 – What is mindfulness? Mindful, 2025. Disponível em https://www.mindful.org/what-is-mindfulness/. Acesso em: 12 jun 2025.

2 – O que é Mindfulness? Mindfulness Brasil, 2024. Disponível em https://www.mindfulnessbrasil.com/o-que-e-mindfulness. Acesso em: 12 jun 2025.

3 – KLEINA, Olivia. O poder do mindfulness explicado pela neurociência. PUC PR, 2021. Disponível em https://posdigital.pucpr.br/blog/mindfulness-neurociencia. Acesso em: 12 jun 2025.

4 – DAVIS, Daphne & HAYS, Jeffrey. What are the benefits of mindfulness. American Psychologial Association, 2012. Disponível em https://www.apa.org/monitor/2012/07-08/ce-corner. Acesso em: 16 jun 2025.

5 – MCGREEVEY, Sue. Eight weeks to a better brain. The Harvard Gazette, 2011. Disponível em https://news.harvard.edu/gazette/story/2011/01/eight-weeks-to-a-better-brain/. Acesso em: 16 jun 2025.

6 – Agência Fronteira. O cérebro zen: o que acontece na massa cinzenta de quem medita. Superinteressante. Disponível em https://super.abril.com.br/especiais/o-cerebro-zen-o-que-acontece-na-massa-cinzenta-de-quem-medita. Acesso em: 16 jun 2025.

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