Os tipos de inteligência

Em 1927, Charles Spearman1 usava estatísticas de análise fatorial para defender que a inteligência resume-se a um só fator (fator geral), que influencia todos os testes de inteligência. Com base em estudos de correlação, a análise fatorial pode revelar diferentes testes que medem a mesma habilidade cognitiva.

Contrário a ideia que somente um fator define a inteligência, Louis Thurstone2, diz que sete são as Capacidades Mentais Primárias (nome dado a sua teoria) que comportam o núcleo da inteligência. Assim, uma pessoa pode apresentar scores diferentes (maiores ou menores) em cada uma das seguintes habilidades: 

1. Compreensão Verbal; 

2. Fluência Verbal; 

3. Raciocínio Indutivo; 

4. Visualização Espacial; 

5. Numérica; 

6. Memória; e 

7. Velocidade Perceptual.

Alguns anos após as divergências entre Spearman e Thurstone, uma nova abordagem para interpretar a inteligência começou a emergir, conhecida como modelos hierárquicos de Raymond Cattell3 que separou a inteligência em 2 fatores:

Inteligência Fluida: refere-se a habilidades que não são ensinadas formalmente na escola, como a capacidade de resolver problemas, pensar rapidamente, processar informações e entender as relações entre conceitos. Essas habilidades são vistas como um componente genético da inteligência.

Inteligência Cristalizada: ligada ao aprendizado e à educação formal, essa forma de inteligência é fundamentada em fatos e experiências. É vista como um fator ambiental da inteligência, já que a sociedade transmite conhecimento à pessoa, seja por meio de um professor ou de um livro.

Em 1983, Howard Gardner apresentou uma nova perspectiva que seriam as múltiplas inteligências4.

1 – Lógico – matemática.
2 – Inteligência Linguística.
3 – Inteligência Corporal.
4 – Inteligência Naturalista.
5 – Inteligência Intrapessoal.
6 – Inteligência Interpessoal.
7 – Inteligência Espacial.
8 – Inteligência Musical.

9 – Inteligência Existencial.

Uma das principais conclusões de sua teoria é que nenhum tipo de inteligência é superior ao outro. Cada indivíduo pode reconhecer suas habilidades e limitações em diferentes áreas do conhecimento, com o objetivo de aprimorá-las ou compensá-las.

Contrariando a concepção de Gardner, Robert Sternberg apresenta a Teoria Triárquica5, dividindo a inteligência em três tipos distintos, mas que operam juntos.

a. Inteligência analítica – usada para resolver problemas conhecidos, frequentemente em contextos acadêmicos.

b. Inteligência criativa – aplicada em situações novas, onde é necessário adaptar-se e encontrar soluções inovadoras.

c. Inteligência prática – empregada no gerenciamento de tarefas do dia a dia.

Em 1995, Daniel Goleman introduz o conceito de Inteligência Emocional, segundo Goleman a inteligência emocional é a capacidade de uma pessoa de reconhecer, compreender, gerenciar e expressar suas emoções de maneira eficaz6.

Goleman descreve a inteligência emocional através de cinco componentes principais:

  1. Autoconsciência: Reconhecer e entender suas próprias emoções.
  2. Autorregulação: Controlar e gerenciar suas emoções de forma saudável.
  3. Motivação: Usar suas emoções para alcançar objetivos.
  4. Empatia: Compreender e se conectar com as emoções dos outros.
  5. Habilidades Sociais: Compreender e gerenciar relações sociais de maneira eficaz.

1 – SPEARMAN, C. The abilities of man. New York: MacMillan,1927.

2 – THURSTONE, L.L. Primary mental abilities. Chicago: University of Chicago Press,1938.

3 – CATTELL, R. B. Abilities: their structure, growth, and action Boston: Houghton Mifflin, 1971.

4 – GARDNER, H. Frames of mind: The theory of multiple intelligences. New York: Basic Books,1983.

5 – STERNBERG, RJ. Além do QI: Uma teoria triárquica da inteligência humana. Nova York: Cambridge University Press, 1985.

6 – GOLEMAN, D. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995, 36 ª edição.

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felipe-azarias

Felipe é fundador da Umajuda e especialista nas áreas de Neurociência e Filosofia. Apoiador de movimentos filantrópicos, empreendedor e executivo a mais de duas décadas, acumulou experiências internacionais que lhe permitiram conhecer diversas realidades, culturas e aprofundar seu conhecimento sobre o comportamento humano. Atualmente, também é doutorando pela USP na área de Neurociência.

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